CRUELDADE CONTRA OS ESCRAVOS NA CASA DA TORRE
INTRODUÇÃO
Com a intenção de expor a história de uma das famílias mais importantes do recôncavo baiano na época colonial, esse ensaio tem como objetivo de mostrar a partir da micro-história um dos documentos sobre as heresias tratado pela Inquisição referente a família D’ Àvila. Esse documento encontra-se nos arquivos da Torre do Tombo em Portugal, sendo que foi publicado em 1988, em um artigo pelo autor Luiz Mott. O artigo fala de uma família poderosa em poder e riqueza, que tem por traz do seu importante papel na colonização brasileira os traços de crueldade contra indígenas que aqui moravam e em especial seus escravos. Não vou me deter às especificidades do contexto da família D’ Àvila, somente o que acho pertinentes para conhecer de perto as atrocidades estabelecidas das pelos senhores coloniais. No tocante desse ensaio começamos primeiramente expor o surgimento da micro-história, bem como os recursos utilizado nessa prática. A micro-história originou-se de um projeto desenvolvido por um grupo de historiadores italianos, no final da década de 1970 e início dos anos 1980, particularmente numa coleção intitulada Microstorie, dirigida por Carlo Ginzburg e Giovanni Levi. O recurso da microanálise pode ser entendido, segundo a obra organizada por Jacques Revel (1998), como a expressão de um distanciamento de um modelo de história social que desde a origem se vinculou a um espaço “macro”.
A perspectiva dessa proposta (micro-história), segundo Carlo Ginzburg (1991, p.178), leva em consideração que “uma escala reduzida, permite em muitos casos uma reconstituição do vivido impensável em outros tipos de historiografia”, procurando “indagar as estruturas invisíveis dentro das quais aquele vivido se articula”, ou seja,