CRISE NO ACRE
Postado em 16/12/2014 16:21:17
A ameaça de escassez de água potável no planeta é uma realidade em muitas regiões, especialmente as mais áridas ou que sofreram graves desequilíbrios ambientais. Falar que tal cenário poderia se materializar na Amazônia, uma região com uma vasta rede hidrológica que abriga a maior reserva de água doce do planeta, soaria como algo irreal. Entretanto, a rápida ocupação da mesma a partir da década de 70, que já resultou na eliminação de cerca de 15% de sua cobertura florestal para a implantação de centros urbanos, empreendimentos industriais e atividades agropecuárias, torna esse cenário irreal em algo perfeitamente factível de se materializar em algumas partes da região nas próximas décadas.
A região leste do Acre poderá ser uma das primeiras partes da Amazônia brasileira a ter que conviver com limitações hídricas se nada for feito para mudar o preocupante cenário de destruição e degradação ambiental de seus remanescentes florestais e da sua rede hidrográfica. Dos 21,3 mil km² que já foram desmatados no Acre, e que equivalem a aproximadamente 13% de seu território, 15 mil km² foram realizados nesta região. Soa um exagero, não fosse isso um fato, constatar que o leste do Acre equivale a apenas 22,5% do território do Estado, mas concentra cerca de 70% de todo o seu desmatamento.
A principal ameaça de crise hídrica no leste do Acre deriva do que acontecerá com o
Rio Acre no futuro. Ele é o principal rio da bacia que drena cerca de 90% desta região (a outra bacia é a do Rio Abunã) e em sua área de influência vivem cerca de
450 mil pessoas, ou aproximadamente 60% da população do Estado. A região leste é também a mais importante do Estado sob o ponto de vista econômico, representando cerca de 70% do produto interno bruto estadual. Uma grave crise hídrica terá, portanto, sérias consequências sociais e econômicas para todo o Acre e, possivelmente, para a região sul-ocidental da Amazônia.
O Rio Acre se