Crise feudal
A partir do século XIV o sistema feudal entra em crise. Esta crise tem suscitado inúmeros problemas e debates, valendo ressaltar aqueles que dizem respeito à origem das cidades e a importância da atividade comercial como elemento de desagregação do Feudalismo. Com relação ao primeiro item, durante muito tempo aceitaram-se como indiscutíveis as colocações do historiador belga Henri Pirenne, para quem as cidades tinham origem fundamentalmente comercial e burguesa. Argumentava Pirenne que teriam sido os mercadores itinerantes (mascates ou “pés-de-poeira”) os responsáveis pelo surgimento das cidades, na medida em que passavam a se fixar em volta dos castelos (burgos) ou então próximos aos entroncamentos de estradas, pontos de passagem obrigatória dos demais mercadores. Esta posição de Pirenne tem sido, no entanto, bastante discutida nos últimos tempos. Novas pesquisas, levadas a efeito principalmente por autores marxistas, procuram demonstrar que, na realidade, as cidades surgiram em função da própria expansão feudal, ocorrida a partir do século XI. Como assinala o historiador Kosminsky, “na época feudal, cada servo era, ao mesmo tempo, um artesão. Provia-se e provia o senhor tanto dos produtos agropecuários como do artesanato. Com o desenvolvimento da vida econômica, aperfeiçoaram-se os instrumentos de trabalho e apareciam novos produtos. Começaram a ser produzidos mais utensílios de ferro, tecidos de lã e a serem construídas casas de pedras. Tais obras só podiam ser feitas por artesãos especializados. Eis porque apareceram pessoas que se especializavam num ofício determinado. Assim foi-se separando o trabalho artesanal do trabalho agrícola. Apareceram os ferreiros, os tecelões, etc.” (KOSMINSKY, E. A. História da Idade Média. Lisboa, Centro do Livro Brasileiro, s/d, p.79.) Estes artesãos que viviam nos feudos começaram a abandonar seus senhores e formar povoados que dariam