Crise economica 2008
CRISE FINANCEIRA MUNDIAL: TEMPO DE SOCIALIZAR PREJUÍZOS E GANHOS Isabela Márcia de Alcântara Fabiano* Luiz Otávio Linhares Renault**
Trabalhadores, suas famílias e comunidades têm tanto direito de serem salvos desta crise quanto as instituições financeiras que, finalmente, nos colocaram nesta confusão. (Juan Somavia - Diretor Geral da OIT)
RESUMO Desde 2008, a crise financeira se tornou a notícia-âncora em praticamente todos os meios de comunicação do mundo. Como seus desdobramentos são multifacetados, seus efeitos são desterritorializados, sua gravidade e extensão ainda são desconhecidas para especialistas e leigos, o clima de incerteza e cautela tomou conta da economia globalizada, provocando retração e repercutindo no mundo do trabalho. Noutras palavras, o fenômeno revelou que o desenvolvimento socioeconômico na contemporaneidade não se apresenta tão sólido, robusto e democrático quanto se pensava. O objetivo do presente artigo visa analisar a crise financeira mundial, assim como os seus impactos para, ao final, desmistificar o caráter exclusivamente negativo que lhe é atribuído. Pretende-se demonstrar que a situação vivenciada hoje reintroduziu debates importantes a respeito da normatização e supremacia dos princípios, da (i)licitude da dispensa coletiva no Brasil, do fortalecimento do discurso do Estado do Bem-Estar Social e do neokeynesianismo. Palavras-chave: Crise financeira mundial. Dispensa coletiva. Estado do Bem-Estar-Social. Neokeynesianismo. 1.CRISE - CONSIDERAÇÕES INICIAIS A crise1 constitui uma das fases do ciclo econômico capitalista, assim como a superprodução/auge, a depressão e a retomada do poder acumulativo. Tanto isso é verdade que já superamos descompassos anteriores entre a produção e o consumo. Esse desequilíbrio é comum no modo de ser capitalista,
* Mestranda em Direito do Trabalho pela PUC-Minas. Especialista em Direito do Trabalho pelo IEC/PUC-Minas. Graduada em Direito pela UFMG. Servidora do TRT da 3ª Região. ** Doutor