Crise de 1930
O Brasil era o principal produtor de café já no século XIX e atuava no mercado internacional como semi-monopolista, com grande vantagens comparativas. Por outro lado, a única alternativa para alocar o capital obtido da cafeicultura era o reinvestimento na produção de mais café, resultando em crises de superprodução. Assim, desenvolveram-se diversos mecanismos de defesa do café, um dos quais, a depreciação da moeda nacional nos momentos de queda dos preços de exportação, procedimento que diminuía as perdas de receitas dos cafeicultores. Os mecanismos foram se sofisticando, tal que o governo passou a comprar os excedentes de produção financiado por empréstimos externos.
Quando a crise mundial de 1929 atingiu a cafeicultura, esta se encontrava em situação extremamente vulnerável. Para uma produção de 28 milhões de sacas, apenas 14 milhões foram exportadas. A política de defesa do café, sem mecanismos efetivos para conter a superprodução, só agravava esse desequilíbrio. Nossa economia ainda era imensamente dependente do café – uma de suas únicas rendas – portanto, mais uma vez, lançou-se mão do mecanismo cambial para sua defesa. Entretanto, o preço continuava caindo.
Evidentemente a preservação da renda dos cafeiculores era paga pelo conjunto da sociedade (“socialização das perdas”, nos termos de Celso Furtado). Essas medidas não foram suficientes, assim, o governo tomou a decisão de utilizar uma solução econômica lógica, embora aparentemente absurda: a diminuição da oferta de café pela queima de excedentes (cuja compra era financiada por impostos sobre a exportação de café e pela pura e simples expansão do crédito). Devido a esse mecanismo de defesa de renda da cafeicultura, a queda na renda nacional foi da ordem de cerca de