Crianças Abandonadas no Brasil
SERVIÇO SOCIAL
JULIANA CAMPOS SOBRAL DUARTE
CRIANÇAS ABANDONADAS NO BRASIL
SENHOR DO BONFIM
2012
JULIANA CAMPOS SOBRAL DUARTE
ABANDONO DE CRIANÇAS NO BRASIL
SENHOR DO BONFIM
2012
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. ABANDONO INFANTIL
3. IMPORTÂNCIA DA MÃE
4. INFLUÊNCIA DO GOVERNO VARGAS
5. PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
6. A CRIANÇA E O ADOLESCENTE - O ECA
7. CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. INTRODUÇÃO
No Brasil dos séculos XVIII e XIX o abandono e exposição dos recém-nascidos foram frequentes nas principais cidades e vilas, levando à instalação das rodas. A trajetória e especificidade dessa instituição foi objeto de vários estudos, com destaques para os clássicos de Russel-Wood e Mesgravis, respectivamente, sobre a Bahia e São Paulo. Esses autores encontram as rodas sendo mantidas pelas Misericórdias, também chamadas Santas Casas, e constatam as precariedades da instituição. Assim, a roda, instrumento destinado a preservar o anonimato da caridade cristã na Idade Média, passou a ser utilizada para acolher recém-nascidos abandonados, em muitos casos ilegítimos, frutos do pecado. Na passagem para o século XX, ao contrário dos períodos anteriores, vai se firmando uma prática diferenciada de atendimento à criança, na qual a assistência é apenas um traço tênue e a educação vai assumindo um lugar determinante. Nessa nova prática se consolida cada vez mais uma nova noção: "educar pelo trabalho e para o trabalho", noção essa em pleno acordo com a consolidação do novo tempo, o tempo do trabalho industrial. Para compreender o abandono, as explicações tradicionais têm apenas um valor de referência limitado. Os debates sobre o tema ainda hoje são muito marcados pelas questões que se colocavam para o entendimento do "abandono tradicional", ou como gostam os franceses, o "abandono antigo", um abandono