Crianças abandonadas no brasil
A cultura política em construção desde o Brasil Colônia, com ênfase na convivência harmônica entre forças que são em realidade antagônicas, será mais notada no final do século XIX, quando se descortina uma sociedade de classes2. Neste período, outras práticas entram em cena, como por exemplo, a prevenção ou profilaxia. Não por acaso esses termos nos remetem à medicina, pois nesse momento estão sendo introduzidas as práticas médico-higienistas.
Aproximando-se a segunda metade do século XIX, a filantropia caritativa não se constituía mais em prática social capaz de superar a crise emergente em face dos problemas suscitados pelos nasciturnos enjeitados, pelos portadores de lepra, pelos criminosos e alienados mentais, inclusive inválidos e velhos, que permaneciam indiferenciados frente aos mendigos. Por volta de 1850, a organização das sociedades de socorro mútuo entre imigrantes anuncia o advento de um novo capítulo na história da filantropia em São Paulo, porquanto introduz, de modo efetivo, uma política de assistência social elegendo o hospital como locus privilegiado de sua ação preventiva e terapêutica3.
A influência dos higienistas se fará sentir, desde então, nos vários campos da vida e mais especificamente nas práticas de higiene e saúde pública, das quais a puericultura é um bom exemplo. Essa influência, somada às propostas - também profiláticas - dos juristas, introduz, embora de forma não radical, mudanças no trato com a infância.
Tratar a criança inspirando-se nas práticas médicas implica lembrar também o papel do