Cr Tica Leitura E Letramento
A turma do "Pânico na TV" conseguiu. Após a queda na audiência, os humoristas decidiram radicalizar, a fim de recuperar as atenções da mídia e, por conseqüência, o ibope. Os humoristas viraram "caso de polícia" após perseguirem a atriz Carolina Dieckmann, no Rio. Mas essa estratégia é de alto risco. O telespectador pode rejeitar essa imagem agressiva da turma. Os anunciantes do programa podem tirar o time. Qual será o próximo passo no desespero para manter a fama? Matar ou morrer? Que cervejaria gostaria de ver sua marca vinculada a um grupo fora-da-lei? Questionar o "Pânico na TV" também é um alto risco. A turma odeia ouvir críticas, constrange quem se atreve a noticiar sua queda no ibope ou colocar em dúvida sua criatividade --em tom jocoso, até ameaçou de morte uma repórter da Folha Online na versão do programa no rádio. É uma atitude arrogante, mas tem precedentes. No Brasil, em geral, os artistas surtam quando atingem o ápice de sua popularidade. Esquecem que a fama é passageira, que o gosto do público muda de uma hora para outra, que as emissoras descartam qualquer um, sem piedade. Ninguém é insubstituível. Hoje a onda é o "Pânico". Amanhã é o "Zorra total". No início, era engraçado ver o "Pânico" abordar com perguntas absurdas celebridades que se acham a "última Coca-Cola do deserto". Era uma forma de o público se vingar contra a arrogância daqueles que alimentam a ilusão de uma vida fácil e glamourosa, os chamados "globais". A postura corajosa, afoita e destemida da turma do "Pânico" provocou essa febre de popularidade dos humoristas. Mas agora, passando dos limites legais, eles correm o risco de serem julgados pela audiência.
Os jovens gostam do "Pânico" porque o consideram uma transgressão na estética imbecilizante dos programas humorísticos tradicionais. É um sarro constante, sem censura de brincar com bizarrices e escatologias. Sem querer comparar, o "Pânico" corresponde para os