corrupção
O projeto que impede a candidatura de pessoas processadas pela Justiça nem começou a tramitar e já está sob ataque de um grupo de deputados
Otávio Cabral
Fotos Pablo Valadares/AE e Alan Marques/Folha Imagem
AÇÃO E REAÇÃO
José Genoíno, presidente do PT no caso do mensalão, lidera a derrubada do projeto contra os fichas-sujas, que foi entregue por crianças ao Congresso
Em democracias mais tradicionais, como os Estados Unidos e a França, não há lei que vete a can-didatura de quem responda a processos na Justiça ou mesmo já tenha sido condenado em primeira instância – e nem precisa haver. Se um político enrolado de um desses países decidir testar sua popularidade nas urnas, a chance de sucesso, mesmo sem nenhum impedimento legal, é praticamente nula. Primeiro, porque dificilmente ele consegue atravessar o filtro partidário. Depois, ainda que consiga, o repúdio do eleitorado a casos assim é muito intenso. No Brasil, a tradição corre em sentido inverso. As casas legislativas, principalmente, têm servido de biombo para esconder do alcance da Justiça políticos que, em vez de biografias, são donos de extensos prontuários. A situação é tão vexatória que, para tentar impedir que isso continue acontecendo, está no Congresso um projeto de lei que proíbe a candidatura de pessoas condenadas em primeira instância, ou com denúncias recebidas por um tribunal, por crimes de racismo, homicídio, estupro, tráfico de drogas, corrupção e desvio de verbas públicas. Você votaria em alguém com esse perfil? Tem gente – e muita gente – que vota.
Só no Congresso Nacional, onde se encontram os senadores e deputados que podem transformar a proposta em lei e acabar com a farra dos chamados fichas-sujas, existem 152 parlamentares com... a ficha suja. É mais de um quarto dos congressistas com pendência na Justiça, proporção impensável em qualquer outra categoria profissional. Os ministros do STF já encontraram motivos, inclusive, para transformar parte