Corrupção, Estado, polícia, Black Bloc e anarquismo - algumas reflexões
Desde meados de junho, vários acontecimentos ocorridos nas manifestações têm me preocupado muito, particularmente a exacerbação da violência em várias cidades. Manifestei-me sobre isso, de forma breve, no facebook, mas senti necessidade de escrever com mais vagar sobre o assunto.
A desqualificação, feita de maneira superficial, da política e do papel do Estado, também me estimulou a escrever este texto.
A acusação generalizada de que todos os políticos são corruptos e de que o Estado é ineficiente, serve a quem? Além de pressionar os políticos (o que é, sem dúvida, absolutamente necessário), serve, também, àqueles que defendem o Estado mínimo, sob o argumento de que os funcionários públicos são, em geral, incompetentes, relapsos, além de, em muitos casos, corruptos. Esse tipo de argumento vem, por consequência, acompanhado de outro: que a iniciativa privada, pela suas próprias características, prima pela eficiência e qualidade, supostamente garantidas pela concorrência, entre as próprias empresas e entre os seus empregados (as operadoras de telefonia são um exemplo, não?). Ironias à parte, é evidente que esse discurso não serve à grande maioria da população, que necessita efetivamente do Estado, que precisa de educação, saúde e transporte — públicos, gratuitos e de qualidade. Como se sabe, a iniciativa privada não promove a distribuição de renda e nem políticas de diminuição da desigualdade, muito ao contrário. O fato de que algumas empresas põem em prática projetos de caráter social, como parte do próprio marketing, não invalida a constatação feita acima.
Lutar pela conquista de direitos humanos e sociais, o que inclui serviços públicos gratuitos e de qualidade, é legítimo e fundamental. Mas essa luta deve ter pautas claras, com lideranças ou, ao menos, porta-vozes, que possam negociar com os agentes públicos. Considero que a concepção de que movimentos políticos e ou sociais