Correntes Fundamentais da Ética
CORRENTES FUNDAMENTAIS DA ÉTICA CONTEMPORÂNEA
De Manfredo A. de Oliveira (Org.)
3. ed. Petrópolis.RJ: Vozes, 2008.
PREFÁCIO
Desde os anos 70, a crise ecológica, o perigo de proliferação de novas guerras no planeta, o problema do reconhecimento dos direitos das minorias e das relações internacionais, da fome e miséria no mundo, manifestaram a urgência de uma reflexão ética abrangente.
A nova reestruturação das relações globais e da crise ecológica, determinados pelos problemas oriundos da sociedade industrial e da crise do tipo de racionalidade cientificista, que tornou-se hegemônica no mundo moderno, fez ressurgir o problema da justificação das normas fundamentais da ação humana. Se há algo que caracteriza de forma incisiva o mundo atual é, sem dúvida, a desproporção entre a velocidade absurda do progresso científico-tecnológico e vácuo que se formou a partir da negação dos sistemas tradicionais de valores.
Uma sociedade moderna é, fundamentalmente, uma sociedade pluralista, ou seja, ela se constitui a partir de um confronto permanente entre diferentes cosmovisões.
A partir deste confronto, a reflexão ética contemporânea se faz em meio à suspeita de que qualquer tentativa de fundamentação de normas universais não passa da generalização indevida das normas próprias a uma determinada visão de mundo, a um determinado sistema de valores parcial, contextual. É óbvio que a relativização difusa dos valores e cosmovisões leva a uma banalização das decisões a serem tomadas, já que tudo é provisório e passageiro. Além disso, a ética tem dificuldades de legitimação diante de uma sociedade marcada pelo INDIVIDUALISMO, onde as pessoas aparecem encerradas no círculo infinito de seus próprios interesses e impulsos e a vida social não passa de uma associação mecânica de indivíduos perseguindo fins individuais.
A configuração de nossas formações societárias hoje e sua imbricação no sistema mundial da produção e das finanças faz com que as decisões e