Corpo humano
As relações entre o indivíduo e a sociedade tornaram-se o alvo de uma midiatização generalizada no decurso da qual a construção de imaginários, a formulação de normas e a consolidação de visões do mundo dependem cada vez mais da presença de órgãos de comunicação social. O aceleramento desta midiatização tem vindo a comportar conseqüências que se fazem sentir, nomeadamente, ao nível das relações entre público e privado. Dotada de características próprias, intervém na conformação do espaço público, nomeadamente através do seu contributo incontornável na constituição e reformulação das identidades sociais e coletivas. Veremos, assim, como hohlfeld@pucrs.br O campo mediático é, hoje, simultaneamente veículo de valores estruturados em torno de uma visão dominante e consensualmente aceite, e um espaço de tensões e fragmentação onde se luta pelas transformações de sentidos. Procura-se, assim, saber qual o papel que é imputável aos media na construção e representação das regularidades sociais tendo-se em conta, simultaneamente, a sua dificuldade estrutural em manterem-se dentro dos caminhos estreitos de uma representação mais ou menos monolítica do mundo social,num momento de pluralismo social intenso, resultante da recente revalorização atribuída à emergência das identidades minoritárias. Deste modo, investiga-se a relação dos media com o tratamento da diferença identitária, tal como se manifesta, contemporaneamente, no espaço público, tentando-se descortinar uma ambigüidade que resulta de dois planos de atuação contraditórios entre si: por um lado, os media tornariam possível a afirmação da diferença como uma possibilidade de diversidade que constitua um aprofundamento democrático das sociedades; por outro lado, seriam, freqüentemente, eles que reduziriam a luta pelo reconhecimento dessas identidades a uma mera exploração de