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5317 palavras 22 páginas
BRASÍLIA, MOSAICO MORFOLÓGICO *

Maria Elaine Kohlsdorf

Professora-adjunta, faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília (FAU-UnB)

* Trabalho apresentado no IV Seminário História da Cidade e do Urbanismo (Anais do IV Seminário História da Cidade e do Urbanismo. Rio: PROURB-FAU-UFRJ, 1996, pp.680-687).

INTRODUÇÃO Brasília mostra-se hoje diferente da imagem árida dos tempos pioneiros e que se tornou emblema preferido para sua divulgação. As distâncias e o isolamento entre os prédios, as rodovias ao invés de ruas, os espaços vazios e a terra vermelha do Planalto Central não são mais os traços dominantes da nova capital. As árvores estão adultas e frondosas, sombreando agradavelmente as superquadras, costurando edifícios muito separados, amenizando durezas de arestas e asfaltos, além de surpreenderem com belíssimas florações. A maioria dos órgãos públicos já foi transferida e os empregos se diversificaram, consolidando o abastecimento e a presença de serviços além dos caracteristicamente estatais. Afirma-se uma população de fato brasiliense, que aos poucos se organiza politicamente. Há, porém, diferenças mais profundas de Brasília em relação à imagem exportada, pois certos rumos de seu processo histórico alteraram a estrutura social e a organização espacial originalmente previstas. Antes mesmo da inauguração da capital, iniciou-se sua precoce periferização, fazendo com que ela não se contivesse dentro dos limites territoriais propostos por Lucio Costa em 1957. Isto ocorre pela criação de núcleos satélites, processo que continua até hoje, implantando falsas cidades para alojar a força de trabalho mal remunerada, a maior parte empregada ou subempregada no centro correspondente ao que deveria ser Brasília (o chamado Plano Piloto). Assim, a capital alastrou-se em manchas descontínuas, onde residem dois terços da população, e configurou um modelo urbanístico enganoso: cidades que não passam de bairros pobres e distantes, contidos em

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