copa 70

Naquela manhã do dia 21/06/1970, acordei com uma esplendorosa sensação de vitória. Ao olhar pelas janelas apenas me deparava com um facho enverdecido que tomava conta das ruas do velho bairro onde moro, porém, o maior contraste que nos enobrecia naquele momento era nossa camiseta amarela. Após a primeira refeição do dia fui ao encontro dos demais que também, acertadamente, confiava em Pelé e sua turma. Quando nossa seleção sobrepôs o gramado do Estádio Asteca, ao som do nosso hino nacional, aquela certeza se ratificou, em contrapartida, sabíamos que o jogo não seria fácil, pois era contra outra potencia do mundo futebolístico, a Itália. Mas, todo receio que tínhamos da camiseta azul italiana, sem explicação plausível, se disseminou em nosso coro que repetíamos por diversas vezes que éramos, sim, Brasileiros e com muito orgulho. Transbordávamos de alegria. A emoção ficou incontrolável quando Pelé fez o nosso primeiro gol, comemoramos como se fosse o final do jogo. 1 a 0 para o Brasil em cima dos italianos. Quando, para nossa surpresa, Boninsegna empatou para os rivais. O silencio pairou e estáticos ficamos por alguns minutos. De maneira alguma podíamos acreditar que algo estava perdido, por mais que soubéssemos quem eram nossos adversários, certeza maior tínhamos do que éramos capazes quando chamados à provar. A seleção de 70 era do tipo que revidava. Se tomávamos gol, era essa nossa deixa para emplacar de vez e finalizar o jogo. Mesmo aflitos diante ao resultado, invocamos, em todas as vozes presentes, o hino mais arrepiante. “90 milhões em ação, pra frente, Brasil, Salve a seleção”. Relato que realmente, a sensação era de que todo Brasil havia dado as mãos e aquela corrente circulava mesas, cadeiras, balcão. Foi então que Gerson, não perdeu a oportunidade e nos colocou a frente novamente. Estávamos com 1 gol a frente. Não demorou muito para que Jairzinho deixasse também sua marca naquele jogo memorável. Porém, mal sabíamos que o melhor ainda estava por vir. O