Cooperativismo Um Horizonte Poss Vel
Cooperativismo um horizonte possível♣
Resumo: Este texto procura nas raízes históricas do cooperativismo a chave para a compreensão da sua lógica. Comenta depois a identidade cooperativa, procurando captar o essencial do seu significado. Equaciona então o problema das relações entre o Estado e as cooperativas, como interacção complexa e dinâmica, percorrendo o caso português, para destacar os aspectos mais relevantes da ordem jurídica do respectivo cooperativismo. Conclui, por fim, abrindo o cooperativismo a toda a economia social para o projectar no futuro como um horizonte possível.
1. Introdução
A memória do cooperativismo não é um ramo seco esquecido pela História. Pelo contrário, está inscrita no futuro como horizonte possível, marcado pela esperança.
É nesta perspectiva que vou apresentar algumas ideias acerca do cooperativismo.
Elas resultam do estudo do fenómeno cooperativo na sua universalidade, mas estão particularmente enraizadas na realidade cooperativa portuguesa e num contacto de muitos anos com o próprio movimento cooperativo. O ponto de vista que adopto está longe de reflectir uma simples abordagem jurídica, mas não deixa de a valorizar especialmente. Procurarei, num percurso breve, ir até às raízes históricas do cooperativismo, bem presentes no seu código genético. Na verdade, é nele que se radicam os eixos de uma
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Este texto foi escrito a partir de uma videoconferência, realizada em Coimbra, em 11 de Março de
2005, e dirigida a uma audiência constituída, principalmente, por professores e estudantes da
Universidade Federal do Paraná, situada em Curitiba, no Brasil.
O autor é jurista e professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, cujo Centro de
Estudos Cooperativos coordena. É investigador do Centro de Estudos Sociais.
Coorporativismo — Um horizonte possível
identidade cooperativa que vale na sua globalidade, mas que ganha uma verdadeira universalidade pelo sentido utópico com que se projecta no horizonte.