Convívio e contaminação
Nas tribos dos Parintinín, dos Kaingang, dos Xokleng, entre outras, houve uma interrupção abrupta da natalidade nos anos que sucedem a pacificação. Horta Barboza mostra que tal interrupção não podia ser explicada pelas condições de existência, uma vez que os índios desde a pacificação gozavam de alimentação melhor e mais farta, de vida mais tranquila e segura, porque estavam livres de muitos dos atropelos em que viviam quando independentes. Atribui o fenômeno a fatores psicológicos, como o grande abalo moral que sofreram ao entrar em convívio com seus inimigos tradicionais. Existem diversos fatores que implicam na estabilização das populações de determinadas tribos indígenas e a desestabilização de outras quando do contato com os pacificadores. Segundo o autor, não se pode atribuir à mortalidade infantil a depopulação que vêm sofrendo as populações indígenas brasileiras, nem mesmo responsabilizá-las pelo não crescimento destas populações. No momento atual das estruturas demográficas analisadas, a mortalidade infantil é mero fator de estabilização populacional, que nem chega a pesar ponderavelmente como fator de depopulação, em vista do ônus enormemente maior representado por outros fatores que ceifam indivíduos de todas as idades. As tribos indígenas brasileiras, nas condições originais de isolamento raramente apresentavam populações em incremento. Cada uma delas parece ter alcançado um equilíbrio entre o sistema tecnológico, as condições ecológicas e certas práticas de contenção demogenética que só lhes permitiam reproduzir aproximadamente o mesmo montante populacional. São fatores de estabilização das populações indígenas, em primeiro lugar, a incapacidade de seu equipamento tecnológico para fazer face aos períodos ocasionais de penúria provocado por secas ou outros cataclismos que eliminam, periodicamente, parcelas da população, frustrando possibilidades de crescimento. Mais que esses fatores, parecem pesar na