Contra-natureza
Desta maneira o Estado não só produz as categorias de pensamento, como os implica de forma “espontânea” e as reproduzimos de forma também “espontânea”, conferindo aparência natural aos nossos pensamentos e ações, formando uma “unificação teórica”.
Para Bourdieu essa dominação é percebida principalmente na produção simbólica ou no capital simbólico. O Estado seria um produto de processos de concentração de capitais (econômico, cultural, entre outros que de forma resumida seria o capital simbólico). Esse capital simbólico seria uma propriedade qualquer (dotada de categorias de percepção) na qual os agentes sociais poderiam reconhecê-la e atribuir-lhe valor. Sendo assim, como o Estado detém desse capital que, naturalmente, deveria ser representado e interpretado individualmente (e subjetivamente) por cada agente social, ele detém também de poder sobre todos os indivíduos.
Essa ação do Estado em dominar o capital e torná-lo “inconscientemente” natural, seria uma forma de Fato Social descrita na teoria de Durkheim. Cabe até mesmo à teoria de
Contrato Social, como se todos os agentes sociais fossem guiados por essa ordem (ou representações) e naturalmente não houvesse liberdade “total” na vida política, social e individual. Como se fosse não só regrada pelo Estado, mas decodifica e valorizada através das classificações de valor do próprio Estado.