Contos da Seleção- Livro 2.5
O GUARDA
CONTOS DA
A SCOLHA
1
Eu andava em círculos, como se isso pudesse aliviar a tensão do meu corpo. A Seleção parecia emocionante quando estava lá longe — uma possibilidade futura. Mas agora? Bem, eu já não tinha tanta certeza.
Censo compilado, números checados múltiplas vezes. Os funcionários do palácio estavam sendo realocados, e as roupas e os quartos das novas hóspedes já estavam sendo preparados.
A pressão crescia, empolgante e assustadora ao mesmo tempo.
Para as garotas, o processo começara com o preenchimento dos formulários — milhares a esta altura. Para mim, tinha acabado de começar.
Completara dezenove anos. Agora, eu podia participar.
Parei diante do espelho e conferi a gravata mais uma vez.
Naquela noite haveria mais olhos sobre mim do que o normal; eu precisava parecer o príncipe autoconfiante que todos
9
esperavam. A gravata estava impecável, e eu segui para o escritório do meu pai.
No caminho, acenei com a cabeça para os assessores e guardas conhecidos. Era difícil imaginar que em menos de duas semanas os corredores estariam abarrotados de garotas. Bati de maneira firme na porta, uma requisição feita pelo meu próprio pai. Parecia que eu sempre tinha uma lição a aprender.
Bata com autoridade, Maxon.
Pare de andar em círculos, Maxon.
Você tem que ser mais rápido, mais esperto e melhor, Maxon.
— Entre.
Entrei. Meu pai desviou os olhos do espelho por um instante para me observar.
— Ah, que bom que você chegou. Sua mãe virá logo. Está preparado? — Claro — respondi. Era a única resposta plausível.
Ele estendeu o braço e apanhou uma pequena caixa, que pôs na minha frente, sobre sua escrivaninha.
— Feliz aniversário.
Desfiz o embrulho prateado e dei com uma caixinha preta. Dentro dela, um par de abotoaduras novas. Provavelmente ele estava atarefado demais para se lembrar de que já havia me dado abotoaduras no Natal. Ou então eram os ossos do ofício. Quando eu fosse rei, talvez também desse um presente