conto
Cristina tem essas sensações mais aguçadas do que a maior parte de nos e fica desconfiado com facilidade, salvo nos momentos em que esta absorto por completo em seu trabalho. Graças a sua situação financeira, contudo, encontrava-se forçado a reduzir os gastos energéticos, e isso não podia ser feito desligando o PC, fonte de seu trabalho como professora de espanhol.
Era então obrigado a trabalhar à noite com luzes apagadas, ouvindo somente o correr da CPU e os próprios ataques ao canudo para sugar o refrigerante barato que satisfazia parcialmente sua constante sede. Pensava melhor assim.
Ocupava-se, certa noite nas férias de julho, fazendo as provas, colocando questões dos índices desconhecidos ou esquecidos e recoloca-los entre os índices descolados e levemente subversivos. Que era feito pelo programa Word. A coisa estava seria, e os banhos, raros e frios. Isolado em sua casinha, telefones desligados, internet desconectada, Pablo envolvia-se pela luz do computador, papeis espalhados pela escrivaninha, alguns manchados de café, sucos e outras coisas, e raciocinava. Atrás de si, a cozinha, separada da sala apenas por uma espécie de balcão, e ao lado direito de sua base, a porta para o quarto, fechada. Era aflitivo deixa-la aberta.
O sitio, modesto, herança de pai, se achava nas imediações de são Paulo, local agradável, dotado do silencio necessário para se desenvolver o trabalho intelectual adequado. Ao anoitecer, admito que era estranho por la.
Cristina estava ali, sozinho, concentradíssimo nos seus afazeres. Eram mais ou menos duas da manha quando o recipiente do detergente expulsou o ar de seu interior, assustando ela. Isso