CONTO
Perdido numa trilha de uma estrada deserta, com arbustos em volta do acostamento, vejo minha situação piorar quando meu carro quebra. Irritado, fecho o veículo e caminho naquele fim de tarde em busca de ajuda. Após longa caminhada, vejo adiante uma velha casa solitária ao pé de uma ladeira afastada do caminho, e um pouco aliviado vou até lá. Grito da portinhola que fechava a cerca e após alguns instantes um velho entreabre a porta e sem nada a dizer espera minha conclusão.
-Boa tarde, meu carro quebrou e estou caminhando à um bom tempo em busca de ajuda, o senhor teria um telefone ou conhece algum mecânico para me ajudar?
-Telefone não pega por aqui e mecânico você só vai encontrar à pelo menos uns 2 quilômetros adiante.
O velho, pouco receptivo, parecia ter dado como encerrada sua contribuição, e quando o vejo lentamente fechar sua porta, faço um novo pedido.
-Um último favor, amigo. Estou morrendo de sede, o senhor poderia me dar um copo de água?
O homem adentra em seu lar e após alguns segundos, volta com uma caneca de barro na mão me esperando na porta. Vou até ele e ao me aproximar assusta-me ao ver seu rosto completamente e naquele momento percebo a razão do sujeito ser tão soturno. Sua face do lado esquerdo; que de longe ele me escondeu ocultado-a atrás da porta; era de uma aparência grotesca. Havia quatro enormes fendas que iniciavam-se do seu olho, ou melhor, de um buraco que demonstrava que seu globo ocular fora arrancada violentamente e essas fundas cicatrizes desciam até perto do queixo, dando-lhe um aspecto medonho. Além de seu corpo encurvado de aparência macilenta que expelia um odor fétido o que me tirava o prazer de beber sua água. Pequei o copo e engoli poucos goles jogando o resto fora. Agradeci e devolvendo o recipiente, olhei