Conto - um relance de liberdade

Um relance de liberdade

Foi à saída da Catedral de Southwark, num beco obscuro e fétido que Anny, uma garota de cabelos e olhos negros, pele clara e um semblante misterioso, se viu perdida e sozinha depois de sua fuga desesperadora por ter confessado a seus pais sua vontade, quase que incontrolável, de experimentar aquilo que era proibido. Ela não se conformava em viver presa sem poder conhecer aquele mundo gigantesco que a rodeava. Em meio a tanta confusão em sua mente, sentada num canto e encolhida tentando se esconder, chorou até pegar no sono. Foi surpreendida por um rapazote esguio, de pele tão clara que suas veias ficavam bem visíveis. Possuía dentes grandes e tinha uma aparência cansada e desanimada, que ficava mais evidente por causa de seus olhos fundos e com fortes olheiras. O tal elemento estava apressado e preocupado com algo que o deixava aflito. Saiu correndo em disparada que num piscar de olhos, Anny o perdeu de vista. A garota saiu à sua procura, afinal, não tinha mais nada a perder. Andou muito até que chegou num lugar frio e assombroso. Por onde ela passava se deparava com pessoas sujas, marginalizadas, aflitas e que gemiam de desespero. Anny continuou andando, pois queria entender o motivo de tanta miséria. De repente, esbarrou naquele rapaz que despertara sua curiosidade e a tinha atraído para aquele lugar.
- Menina, não devia estar aqui. Você ainda é tão pura. Tão bonita. Vá embora enquanto há tempo. Implorou o rapaz.
- Eu não sou tão pura quanto imagina. Ou talvez seja, mas quero deixar de ser. Mas me diga, qual é seu nome e onde estou? Por que esse lugar me enche de calafrios?
- Me chamo Habbit. Eu era o braço direito da Red Queen, a “manda chuva” deste quarteirão. Estou a um tempo tentando fugir daqui, pois já não aguentava mais viver sob medo e pressão.
- O que essa mulher fez para deixar esse lugar tão horrendo?
- Ela obriga todos a fazer tudo o que tem de mais repugnante nesse mundo. Isso a satisfaz de uma maneira muito