Conto sobre os anos 80
Minhas sextas- feiras era sempre um tédio, a começar que eu acordava de bode, daqueles que arrumamos a casa porque literalmente não se pode fazer mais nada, mas havia algo que eu sempre fazia “curtir o rei do pop” acho que perdi as contas de quantas vezes dancei com o Michael Jackson na minha sala, era muito chocante tentar fazer o break dele.
Década de 80, todas as minhas colegas ficavam com seus carinhas, menos eu, eu pensava “Fernanda você precisa detonar com essa sua deprê, azarar alguns carinhas”. Mas a verdade é que eu nunca fui uma musa inspiradora como a “Madonna” ou como as representantes de turma do último ano, eu tava mais pra uma mala de primeira categoria, gostava muito de cheirar as provas que vinham com aquele cheirinho de álcool – era viciante- costumava sempre usar o mesmo casaco verde neon, e por incrível que pareça não aderi ao cabelo loiro, apesar da minha pele clara meus cabelos eram negros como a noite e eu tinha meus 16 anos.
Eu sempre tentei ser alguém maneira, mas nunca fui, eu era uma pentelha, mas eu tinha alguém... Meu melhor amigo Rafael, enquanto metade das pessoas ia para as praias ele tirava seu tempo pra dançar Michael Jackson comigo, era um baba-ovo meu e só Deus sabe como eu adorava isso.
Tudo começou no meu último verão, eu tinha ido da um rolê na praia, quando ela não tá crowd é até boa. Eu vi de longe aquele cabelo preto molhado e aquele corpo magrinho – Puxa ele precisa malhar – juro que pensei, mas quando menos notei já estávamos conversando e mais tarde curtindo nossos próprios embalos de sábado à noite, ele me deu um casaco rosa vibrante que eu fiquei paquerando na vitrine durante meses, e sempre que podia me buscava com seu fusca branco apelidado carinhosamente por meu pai de “Chupetinha”.
- Um carango maneiro não acha seu João?
- Desde que ande – Juro que ri da piada, mas eu amava aquele carango tanto quanto amava “meu Rafael”, ele já tinha seus 19 anos e conseguimos o carro com um velho amigo da família