consumir é viver
A escola precisa formar cidadãos conscientes que sejam capazes de construir uma sociedade crítica
Terezinha Azerêdo Rios (novaescola@fvc.org.br)
Ética na escola
Terezinha Azerêdo Rios é graduada em Filosofia e doutora em Educação. Construir a vida boa - essa é a finalidade de uma ação que se fundamenta nos princípios éticos. Na perspectiva da moral, temos muitos critérios e referências para qualificar como boa a vida das pessoas. Há os que julgam que ela é fruto do poder que se exerce sobre os outros. Há também quem a associe à posse de bens e à satisfação de desejos, quaisquer que sejam eles - situações que, na sociedade contemporânea, estão estreitamente ligadas ao consumo. A posse de coisas, de dinheiro e até de pessoas tem sido algo bastante estimulado, revelando valores nem sempre fundamentados em princípios sólidos. Os indivíduos se mobilizam para adquirir aquilo que lhes dê prestígio, os destaque dos demais e os faça ocupar lugares privilegiados no cenário social. Poder comprar é importante, mas poder comprar o que não está alcance de outros é apresentado como garantia de felicidade. A vida boa, feliz, tem sido frequentemente identificada como aquela em que se pode consumir. A imagem do cidadão confunde-se, então, com a do consumidor.
É importante pensar no papel que a instituição de ensino desempenha nesse contexto e na responsabilidade dos gestores em relação ao que se vivencia no cotidiano educacional. É preciso indagar, criticamente, se a escola - que se propõe a formar cidadãos - não tem contribuído para o desenvolvimento do espírito consumista, assim como que riscos ela corre ao se deixar levar pelos apelos feitos pela mídia, pelos veículos de publicidade e até mesmo pelas famílias.
No livro A Ética É Possível num Mundo de Consumidores?, cuja leitura recomendo, o pensador polonês Zygmunt Bauman nos alerta em relação a cenários preocupantes no que diz respeito a essa questão. Ele faz referência à Educação como algo que