Consciencia Negra
Consciência Negra é saber que, no Brasil de hoje, não existe ainda igualdade total entre os descendentes dos africanos que para cá vieram como escravos e os daqueles que vieram da Europa e da Ásia, como colonizadores e depois como imigrantes. Estes, já tiveram representantes em todos os escalões dos três poderes da República, inclusive na Presidência. E o povo negro, não!
Consciência Negra é compreender que isso acontece não por incapacidade intelectual ou de trabalho do povo negro e sim pelo que aconteceu após o fim da escravidão. Os ex-escravos foram “jogados fora”, sem terra para plantar, sem emprego, sem teto – a não ser aqueles que permaneceram com seus antigos donos. E aqueles que já não eram mais ou não tinham sido escravos e ganhavam sua vida por conta própria foram perdendo seus lugares, até nas ocupações mais humildes, para os imigrantes que aqui chegavam.
Consciência Negra é entender que desde antes da escravidão criou-se uma literatura através da qual se infundiu na cabeça do brasileiro uma impressão irreal sobre o povo negro como um todo. De que nós somos feios, sujos e pouco inteligentes; que só queremos saber de festa e divertimento; que nossas religiões são infantis; que só somos bons para pegar no pesado, praticar esportes, fazer música e praticar sexo. E muitos negros acreditaram nisso. Consciência Negra é aprender como negar isso tudo: estudando a História da África, desde o Egito, passando pelos grandes impérios oeste-africanos da Idade Média; tomando conhecimento de que as concepções religiosas africanas têm um profundo fundamento filosófico, como foi inclusive comprovado por padres europeus que as estudaram; Consciência Negra é saber que o povo negro não resistiu passivamente à escravidão e usou de todos os meios ao seu alcance para se libertar. É saber também que houve negros que lucraram com o tráfico de escravos, a partir do século 17; mas que, essa modalidade de escravidão, foram os europeus que