CONQUISTA SOB CERCO
Na manhã dessa terça-feira, 18, Vitória da Conquista protagonizou uma megaoperação da Polícia Federal, que mobilizou cerca de 140 agentes, delegados, viaturas e até um jatinho para cumprir mandados de prisão contra políticos e empresários da região, acusados de desviar mais de R$ 61 milhões dos cofres públicos.
Um estardalhaço que, no começo da noite do mesmo dia, fez surgir nos arredores do presídio Nilton Gonçalves o característico cheiro de pizza. Todos prontamente liberados, por força de habeas corpus, açodadamente impetrados pelos defensores dos acusados. A justificativa: “Não ofereciam risco aos inquéritos”.
De volta ás ruas, abrigados em suas suntuosas mansões, agora brindam, riem e se divertem com a benevolência da lei. Claro. Todos têm direito a um julgamento justo, diferentemente do que eles mesmos fazem contra as verbas federais, gulosamente embolsadas e divida entre os membros da quadrilha, da súcia.
Embora a ninguém seja concedido o direito de desconhecer as leis, eles dilapidam o patrimônio público e praticam, indiretamente, crimes contra crianças que ficam sem transporte escolar, sem merenda, sem escola; contra a saúde pública, que agoniza em UTI, sem material de expediente, sem medicamentos, sem uma gaze sequer.
O que vimos não é, senão, um salvo conduto á corrupção. Um tapa da cara da sociedade honesta, dos jutos que pagam regiamente seus impostos. Pior. A liberdade, mesmo que sob o amparo da legislação em vigor, nos remete á baderna, estimula atos de violência e nos faz crer que a honestidade é um artigo em desuso, obsoleto e inservível.
Resta-nos, assistir, passivos ou ativos, cenas de violência grassar pelas ruas periféricas e centrais de Conquista. Assalto em plena luz do dia, nos tornando reféns em nossas próprias casas. Trancafiados em grades, temeremos os pobres, os pretos, os brancos, as crianças e os adultos. Veremos, ao vivo ou pela TV, ônibus incendiados e balas riscando os céu da Joia do Sertão Baiano.