cerco de Lisboa
Após a independência de Portugal do Reino de Leão, toda parte sul de Portugal ainda permanecia sob o domínio mouro. Afonso Henriques empreende então uma luta lenta de reconquista dessa região. José Saramago recupera o episódio da conquista de Santarém e do cerco e tomada de Lisboa baseando-se principalmente na História de Portugal escrita por Alexandre Herculano. Porém, o texto de Saramago não é tem pretensões de ser um novo texto histórico, antes é uma paródia.
Raimundo Benvindo Silva é um revisor de textos que recebe a incumbência de fazer a revisão de um livro sobre a História de Portugal. Num diálogo inicial, o autor do livro e o revisor discutem sobre os conceitos literários, a origem da Literatura e o sentido da História. Num determinado momento da revisão, Raimundo Silva resolve cometer propositalmente um erro na revisão, acrescenta um “Não” a uma frase. Esse não modificaria o entendimento da conquista de Lisboa: “com a mão firme acrescenta uma palavra à página, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra Não, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa”.
O fato histórico é que os cruzados depois que chegaram ao Porto partiram e apoio aos portugueses e isso foi decisivo para garantir que o cerco e a consequente queda de Lisboa se desse. Raimundo altera isso com o acréscimo do “Não”.
Terminada a revisão, Raimundo Silva entrega o texto ao funcionário da editora, o Costa que manda o texto para impressão. Depois de alguns dias depois de saída a impressão, o “engano” na revisão é descoberto e editora opta por acrescentar uma errata corrigindo o erro da página. A editora que confiava na experiência de Raimundo, revisor há muitos anos, temerosa de que outros erros pudessem ocorrer, contrata uma senhora para supervisionar o trabalho dos revisores.