conjunçoes 1
ARGUMENTATIVA DAS CONJUNÇÕES PORQUE,
POIS E JÁ QUE
Carlos Vogt *
0. Este artigo é uma tentativa de análise de três conjunções do português — porque, pois e já que K
Consideraremos a conjunção pois apenas quanto ao valor que as gramáticas tradicionais chamam de explicativo, deixando de lado o problema do pois conclusivo, que poderá ser objeto de uma reflexão futura.
Devo dizer que este trabalho foi diretamente inspirado pela pesquisa que fizeram o professor Ducrot e professores de francês e de matemática — o chamado grupo de lógica e linguagem — reunidos no interior do Institut National de
Recherche et de Documentation Pédagogiques. O objetivo desse grupo é refletir sobre as possíveis relações entre o ensino da língua e o ensino do pensamento lógico.
A partir dessa pesquisa coletiva, um subgrupo, compreendendo O. Ducrot, M. C. Barbault, J. Dufour, J. Espagnon, C.
Israel, D. Manesse, redigiu um artigo denominado Car, Parce que, Puisque, sobre estas três conjunções francesas 2 .
1. É sabido que no português há dois tipos de conjunção bastante parecidos e que as gramáticas tradicionais classificam, um, como conjunção coordenativa e explicativa e, o outro, como conjunção subordinativa causai.
Assim, n a moderna gramática portuguesa de Evanildo
Bechara, que aliás segue de perto as observações de Said Ali sobre o assunto, pode-se ler o seguinte 3 :
(*) Do Departamento de Lingüística da Universidade de Campinas
(1) Considero já que não só na sua individualidade mas também como uma variável cuja função pode ser preenchida por outras conjunções: pois que. uma vez que, visto que, visto como, desde que, como.
(2) O artigo está ainda inédito. Contudo, posso mandar a quem se interesse por ele uma cópia xerografada, bastando para tanto escrever-me para: Depto. de
Lingüística, I . F . C . H . , Unicamp Cx. Postal 1170 — 13.100 — Campinas — SP.
(3) Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa, Cia. Editora Nacional, 9 ed.,
São Paulo, 1964,