Concretismo
O concretismo corresponde a um movimento artístico iniciado nos anos 50 e que alcançou seu auge nos anos 60. Seus princípios, de certa forma, dialogam com proposições do Cubismo aplicado tanto à literatura quanto às artes plásticas. Foram precursores mundiais das tendências do movimento o suíço Max Bill, nestas e o russo Vladimir Maiakovski, naquela.
O concretismo caracteriza-se como movimento de cunho marcadamente racionalista, buscando na arte a expressão de um geometrismo extremo. Assim, o poema viu destituído o verso em seu interior, em favor do aproveitamento pleno da folha de papel e da exploração máxima de seus possíveis preenchimentos, bem como de seus vazios. Segundo tais preceitos, forma e conteúdo não mais deveriam corresponder a diferentes planos de apreensão da literatura, mas sim a um contínuo a ser explorado pelo artista.
Obra do concretismo (Foto: Décio Pignatari/reprodução)
Os maiores expoentes concretistas no Brasil são os irmãos Campos, Augusto e Haroldo, Décio Pignatari, o chamado grupo paulista, e José Lino Grünewald. Mais tarde, dando prosseguimento a essas tendências, ainda surgirá uma poesia neoconcreta, com maior incorporação de temática social, representada principalmente por Ferreira Gullar, com repercussões ainda na produção tardia de nomes como Cassiano Ricardo e Murilo Mendes. É a partir daí que encontramos, por exemplo, a Poesia-Práxis e o Poema-Processo.
Mar Azul (Ferreira Gullar) mar azul mar azul marco azul mar azul marco azul barco azul mar azul marco azul barco azul arco azul mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul
O grande marco que separa concretistas de neoconcretistas é a presença assumida ou não de elementos do plano da subjetividade evidente em suas composições, defendendo os últimos a presença explícita do subjetivismo, enquanto os primeiros consideravam-se geômetras da poesia, arquitetos do poema, proponentes de equações artísticas.