concepção alternativa
ESPONTÂNEAS
DE
REPOUSO
E
MOVIMENTO DE UMA PESSOA DEFICIENTE VISUAL
TOTAL
Éder Pires de Camargo
Faculdade de Ciências - UNESP
Luís Vicente de Andrade Scalvi
Departamento de Física - UNESP
Bauru - SP
Tânia Moron Saes Braga
Departamento de Educação Especial - UNESP
Marília - SP
Resumo
Enfocou-se a análise das convicções alternativas de repouso e movimento de um sujeito cego, buscando relacioná-las com as convicções de pessoas não cegas, bem como, com os conceitos da
Física pré-newtoniana, estabelecidos principalmente por Jean Buridan, durante a Idade Média, e por Aristóteles. Os resultados desse estudo têm demonstrado que o deficiente visual total apresenta convicções acerca de repouso e movimento muito parecidas à de pessoas não cegas. Concepções aristotélicas, como as de lugar natural e de que a todo movimento associa-se uma força, têm se evidenciado como paradigma também para tais indivíduos. Portanto, de acordo com as convicções apresentadas pelo sujeito, a ausência de visão não se mostra fator fundamental na influência no que se refere à natureza das concepções espontâneas de repouso e movimento. Estímulos sensoriais, como audição e tato, e interações sociais com indivíduos videntes participam decisivamente na construção de tais noções.
I. Introdução
O enfoque que vem sendo dado às concepções espontâneas ou alternativas dos estudantes revela, entre tantos aspectos, a superação do paradigma tradicional de
Cad.Cat.Ens.Fís., v.17, n.3: p.307-327, dez.2000.
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ensino que desprezava tais concepções classificando-as como ignorância. A partir da década de 70, o estudo das concepções alternativas de estudantes a respeito de conceitos físicos começa a tomar forma e a ganhar destaque entre educadores construtivistas que buscavam uma melhoria em sua prática pedagógica. Tal estudo demonstra as diferenças entre o pensamento científico atual e as noções espontâneas dos estudantes, indicando as falhas da instrução