Comunicação
O teórico Walter Benjamin, em texto célebre, encara o novo sentido que a arte adquire diante de modificações de caráter técnico, sendo a principal delas a possibilidade de reprodução sistemática da obra. Suas reflexões, entretanto, ultrapassam o limite dos aspectos técnicos: a grande contribuição de Benjamin está em perceber, nas inovações artísticas, um sentido político, no seu viés mais radical.
A base do argumento de Benjamin está no conceito de “aura”. A primeira definição de aura é justamente a sua destruição: “na época da reprodutibilidade técnica, o que é atingido na obra de arte é sua aura” (BENJAMIN, 2002, p.226). Um tanto influenciado pelo romantismo alemão, o conceito benjaminiano de aura se refere à natureza dos objetos: “(...) se alguém segue no horizonte, com o olhar, uma linha de montanhas, (...) ele sente a aura dessas montanhas (...)” (BENJAMIN, 2002, p.227)
No caso da arte, a aura se relaciona à natureza única e autêntica da obra. A impressão que se tem ao observar o quadro de um pintor famoso (sentir sua aura) é o deleite ou o êxtase. A principal conseqüência dessa visão extasiada da obra de arte é o distanciamento que se abre entre a obra e o público. Ainda que estivesse ao conhecimento do público, a obra de arte permanecia intocada no domínio da tradição. O valor cultural que possuía era, de acordo com o seu contexto, relacionado a práticas rituais ou a genialidade de um artista.
Esse contexto da obra é o seu hic et nunc (o seu “aqui e agora”, momento e lugar). Nesse ponto é que a arte moderna, e mais especificamente o cinema, opera mudanças de forma mais decisiva.