Comunicação
Mário José Puhl1
Da origem do conhecimento racional
Uma discussão mais profunda sobre a questão do conhecimento e das ciências em geral remete-nos à antiguidade grega, berço do pensamento racional do mundo ocidental.
Pois, todo conhecimento racional, que vem se constituindo a partir das mais diversas áreas do saber humano, inicia historicamente com a passagem do pensamento mítico para o pensamento racional, filosófico, iniciado no séc. VII e início do séc. VI a.C., tendo por referência geográfica a Grécia, com a formação inicial das cidades. A mudança que aí de operou tem um impacto importante, decisivo, sobre toda a história humana. Suscitou a curiosidade, o perguntar e a compreensão da necessidade do conhecimento, marcado pelo seu caráter lógico, sistemático e metódico, conforme compreendido em sua origem.
Outros povos, além dos gregos, desenvolveram formas de conhecimento e pensamento, os quais influenciaram a história e a cultura humana. A busca para saber as origens, as mudanças, a realidade, os acontecimentos humanos e naturais ocupam um lugar na humanidade, visto que o desconhecido, o não explicado, causa apreensão, medo, angústia.
Antes da explicação ou de um conhecimento racional, e conjuntamente a ele, havia e há, uma explicação a partir do conhecimento mitológico, que caracteriza-se pelas narrativas de histórias sagradas, heróicas ou trágicas protagonizadas por divindades ou forças sobrenaturais. Estas narrativas confundiam-se com as realidades naturais e humanas. Para tanto, basta lembrar os nomes dos planetas do sistema solar, que em sua maioria são femininos, presentes na mitologia, da origem de alguns nomes próprios.
Mas, o que afinal aconteceu no contexto grego? Podemos sistematizar as grandes mudanças nos seguintes pontos, conforme Chauí (1997, p. 27-28):
Em relação aos mitos “humanizaram os deuses, divinizaram os homens; deram racionalidade a narrativas sobre as origens das coisas, dos