comunicação
Ladislau Dowbor
22 de Maio de 2006
Teoricamente, o consumo constitui uma atividade agradável que consiste em satisfazer um conjunto de necessidades. A produção individual – em que nós mesmos fazemos o que vamos consumir – perdeu muito espaço nas sociedades modernas, e quase tudo é intermediado por terceiros, sejam empresas, administrações públicas ou organizações da sociedade civil. Como temos de passar por diversas formas de organização social para satisfazer as nossas necessidades de consumo, coloca-se cada vez mais uma avaliação de como esta intermediação está se estruturando.
Algumas necessidades são satisfeitas por empresas fornecedoras de bens e serviços; outras por meio de bens e serviços fornecidos pelo Estado (escolas, água, estradas...); outras ainda por meio de organizações da sociedade civil (entidades esportivas, ONGs especializadas, organizações comunitárias, interesses difusos...); outras necessidades enfim não são comerciais – ou não deveriam ser – como por exemplo a expressão do sentimento religioso, e aparentemente têm pouco a ver com a economia. O consumo, no sentido amplo, envolve assim uma gama extremamente ampla de atividades, e formas diferenciadas de organização social.
Quando compramos um pãozinho na padaria, invade-nos o cheiro do pão quentinho, somos cercados pelo burburinho dos comentários úteis ou inúteis que se ouve, e no conjunto temos o sentimento de que as coisas funcionam. Quando esperamos na fila do banco, esta satisfação já se reduz bastante. Quando a telefônica nos diz que tecla devemos apertar para buscar o serviço que nos interessa, já estamos bastante irritados. E quando somamos no fim do mês as tarifas bancárias, os juros das lojas totalmente dedicadas a um misterioso “você”, os custos das ligações e as bobagens que temos de ver na televisão, além do tempo perdido com tudo, invade-nos o sentimento de que realmente as coisas estão saindo do controle. Naturalmente, podemos reclamar,