COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL - UMA FERRAMENTA DE ESTRATÉGIA - SÔNIA PESSOA
A Grécia clássica preocupou-se com a estruturação do discurso, por conta da prática de um certo tipo de democracia na qual o homem grego expunha publicamente suas idéias. Cabia-lhe, portanto saber manejar com habilidade as formas de argumentação. As escolas criaram, inclusive, disciplinas que melhor ensinassem as artes do domínio da palavra: a eloqüência, a gramática, a retórica que atestam algumas das evidências do conjunto de preocupações que marcaram a relação dos gregos com o discurso. A retórica foi, porém, transformando-se em mero sinônimo de recursos embelezadores do discurso, ganhando até um certo tom pejorativo, como as desenvolvidas nos séculos XVIII e XIX, com a estética parnasiana – a busca da palavra mais bela, o melhor enfeite, a figura inusual, a expressão inusitada. O exercício do poder, por certas camadas sociais gregas, lhes impunha o domínio das regras e normas da argumentação. Era ao mesmo tempo uma ciência e uma arte elevada à instância de extrema sabedoria. Sócrates e Platão escreveram sobre o assunto, mas é com Aristóteles que o discurso será dissecado em sua estrutura e funcionamento. Seu livro : Arte retórica, permanece até hoje como um dos manuais clássicos para quem deseja estudar certas questões vinculadas aos processos compositivos do texto. “Assentemos que a Retórica é a faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, pode ser capaz de gerar a persuasão. Nenhuma outra arte possui esta função, porque as demais artes têm, sobre o objeto que lhe é próprio, a possibilidade de instruir e de persuadir; por exemplo, a medicina, sobre o que interessa à saúde e à doença; a geometria, sobre as variações das grandezas; a aritmética, sobre o número, e o mesmo acontece com as outras artes e ciências. Mas a Retórica pode ser capaz de, por assim dizer, no concernente a uma dada questão, descobrir que ela não aplica suas regras a um gênero próprio e determinado.” ( Aristóteles in Arte retórica e arte poética)