comunicação alternativa
A comunicação é por natureza alternativa. Alternativa a tudo aquilo que não é comunicação, ou seja, a tudo que é incomunicação, que é obscuro, que não é entendido, que não é dito ou o que não é revelado.
Comunicação alternativa é alteridade, quer dizer, tem a ver com tudo aquilo que depende do outro para ser ou para existir. Então, comunicação alternativa é aquilo que, obrigatoriamente, necessita da inclusão do outro para ser, pois se houver alguma barreira que dificulte a inclusão do outro, já podemos começar a duvidar de que isso ou aquilo se trate de comunicação alternativa. Comunicação alternativa pode ser aquela experiência que reanima tudo o que está, por algum motivo, em um estado de incomunicação ou de silenciamento. Recordando Paulo Freire, é comunicação alternativa aquilo que possibilita a palavra do outro.
Mas, comunicação como alternativa a que tipo de incomunicação? A comunicação alternativa está na história, faz-se resistência e luta contra os atos de incomunicação praticados contra os famintos, sejam crianças, mulheres trabalhadoras, negros marginalizados ou brancos desempregados.
Atos de incomunicação
Segundo o pesquisador Giovani Semeraro, ao longo dos 500 anos de colonização não é difícil pontuarmos algumas práticas que, a nosso ver, são atos de incomunicação, como:
1) O extermínio de mais de 50 milhões de índios, na época da descoberta;
2) O tráfico dos escravos negros arrancados da África, entre os séculos 16 e 19;
3) O sistema de escravidão e de servidão imposto pelo mundo da produção capitalista;
4) As matanças e repressões contra inúmeros protestos, rebeliões e insurgências populares (Canudos, Contestado, Curumbiara, Eldorado de Carajás)
5) A tortura, a prisão, o exílio aplicados aos dirigentes e a todos os que ousaram opor-se ao sistema colonial/capitalista;
6) As ondas de migrantes expurgados de suas terras;
7) A devastação da natureza para a transferência de riquezas para os países centrais;