compreender a abstenção em portugal
Fernando Simões Cabete
Ensaio de Projecto apresentado à Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra para obtenção da
Licenciatura em Sociologia
Orientador: Professor Daniel Francisco
Coimbra 2014
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“toda pesquisa científica requer paciência, autodisciplina e uma inesgotável capacidade de se aborrecer”. Terry Eagleton.
Questão de partida
Que relações podem ser estabelecidas entre o progressivo aumento da abstenção eleitoral em Portugal desde 1975,em todos os tipos de actos eleitorais e a evolução dos principais indicadores sociais? É possível concluir por uma causa dominante?
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Resumo
As eleições são nas democracias representativas, o canal mais comum e mais relevante de participação dos cidadãos na vida politica das sociedades. Apesar das limitações que encerra esta forma de participação, e do surgimento de outras formas que vão sendo experimentadas, nomeadamente, formas mais diretas e descentralizadas, o exercício do voto continua a ser nestas democracias, a principal forma de legitimar o poder politico e dos cidadãos fazerem representar os seus interesses; ainda que isso nem sempre seja evidente. É por se reconhecer esta característica do voto como suporte do regular funcionamento das democracias que o progressivo aumento da abstenção eleitoral, nas democracias em geral e na Portuguesa em particular, é objecto de preocupação e estudo.
Assumindo que como dito acima, esta é ainda a principal forma de legitimação do poder politico, a baixa participação, deslegitima esse poder, criando um vazio de representação, na medida em que os eleitos não representam como é suposto a maioria dos eleitores. As razões que levam os cidadãos a absterse podem ser estruturais , - uma cultura politica baixa, falta de informação que suporte as decisões de voto, falta de meios em geral - ou decisões individuais, em que o cidadão dotado de meios e capacidades para