Comportamento e guerra
Paixão pela guerra | 17.05.2007
A disputa é por mercados. Mas executivos e empresas adoram imaginar que a competição se dá num campo de batalha
Por Carolina Meyer
EXAME A única coisa ruim de não se estar fazendo nada é que seu inimigo pode estar fazendo alguma coisa." A frase acima é um dos principais mantras do Exército americano e, não por acaso, foi escolhida pelo coronel Cole Kingseed, um dos militares mais respeitados dos Estados Unidos, para começar as palestras que profere pelo mundo. Diferentemente do que aconteceu nos últimos
20 anos, Kingseed não tem mais diante de si um grupo de soldados ou oficiais. Sua platéia mudou. O coronel transformou-se num dos palestrantes mais requisitados da atualidade pelas grandes empresas. Elas chegam a pagar até 70 000 dólares para que Kingseed ensine a seus executivos lições aprendidas no campo de batalha. Num desses recentes encontros, nas praias da
Normandia -- região no norte da França onde ocorreu o desembarque das tropas aliadas no final da Segunda Guerra --, 35 altos executivos de companhias como International Paper, General Mills e Merrill Lynch estavam lá para ouvir o ex-marine Kingseed. "A guerra é a competição em seu estado mais intenso", disse ele a EXAME. "Transpor seus ensinamentos para o mundo dos negócios pode dar às empresas uma larga vantagem sobre seus concorrentes."
As analogias do coronel Kingseed são apenas mais uma expressão de um fenômeno de grandes proporções: o fascínio que os conflitos militares, as estratégias e as histórias de invasão exercem sobre executivos do mundo inteiro. Um levantamento realizado pelo Ministério da Defesa dos
Estados Unidos com os presidentes das 500 maiores companhias americanas dá uma boa dimensão dessa admiração. Perguntados se alguma vez eles utilizaram analogias militares para explicar movimentos de suas empresas, 90% responderam que sim. Mais incrível ainda: cerca de
10% desses presidentes -- ou 50 -- passaram pelas Forças Armadas antes