Comportamento Pol Tico E Econ Mico
Sem dúvida John Stuart Mill deveria ser congratulado por ter eficientemente controlado sua bondade natural, mas não nos parece muito claro por que deveríamos parabenizar a Economia Política pela exigência que, ao que se diz, ela faz, e que poderia ser resumida pelo verso de Dante: "Vós que entrais, abandonai toda esperança!"2*Talvez ao economista como pessoa devamos conceder uma dose moderada de bonomia, contanto que nos seus modelos econômicos mantenha as motivações humanas puras, simples e práticas, não contaminadas por fatores tais como boa vontade ou sentimentos morais.
Embora essa visão da economia seja amplamente difundida (e não sem razão, visto como evoluiu a economia moderna), há no entanto algo de extraordinário no fato de que a economia tenha evoluído dessa maneira, caracterizando as motivações humanas em termos tão espetacularmente estreitos. Uma das razões por que isso é extraordinário é que a economia deve, supostamente, tratar de pessoas reais. É difícil acreditar que pessoas reais não sejam minimamente afetadas pelo alcance do auto-exame induzido pela questão socrática: "Como se deve viver?" - uma questão motivacional central da ética, como arguiu recentemente Bernard Williams (1985). Serão as pessoas estudadas pela economia tão insensíveis a essa persistente questão, aferrando-se à praticidade que lhes atribui a economia moderna?
Uma outra característica surpreendente é o contraste entre o caráter conscientemente não-ético da economia moderna e o fato de que ela evoluiu historicamente como uma derivação da ética. Não apenas o assim chamado "pai da economia moderna", Adam Smith, era professor de Filosofia Moral da Universidade de Glasgow (uma cidade pragmática, admitamos), como o tema da economia foi por muito tempo considerado um ramo da ética. O fato de que até recentemente a economia era ensinada em Cambridge como uma simples parte do diploma de Ciência Moral é apenas mais um exemplo do diagnóstico tradicional