Comportamento canino
Não.
O nosso DNA possibilita e favorece determinados tipos de comportamento, mas não determina nada. Os genes não restringem a liberdade humana eles a possibilitam, diz Matt Ridley, autor do livro O Que Nos Faz Humanos, em um artigo para a revista New Scientist.
A genética não é um destino, não determina o que você vai ser. Ela oferece predisposições. Todos estão sujeitos a influências ambientais que podem, sim, mudar a expressão dos genes e fazer com que eles simplesmente não se manifestem, diz André Ramos, diretor do Laboratório de Genética do Comportamento da Universidade Federal de Santa Catarina.
Traços de personalidade são idéias, conceitos culturais: dependem dos olhos de outros e da cultura de um lugar e de uma época para aparecerem e ganharem um nome. O que é inteligência, pedofilia, má educação ou timidez no Brasil pode ganhar nomes bem diferentes no Japão, por exemplo. Por isso, não dá para encontrar a personalidade pura no DNA.
Mas a nossa herança genética pode, sim, influenciar o funcionamento do corpo, que, numa cultura ou em outra, resulta em comportamentos diferentes. Ao nascer, cada ser humano carrega uma composição de 30 mil a 35 mil genes, formações de DNA que ficam ali dentro dos nossos 23 pares de cromossomos. As principais descobertas dos geneticistas do comportamento relacionam os genes à regulação de mecanismos fisiológicos que mudam o comportamento, como impulsividade, vício de determinadas substâncias e memorização.
Há indicações, por exemplo, de diferenças genéticas na regulação da dopamina, neurotransmissor relacionado à sensação de prazer. Em algumas pessoas, a cocaína provocaria uma descarga anormal de dopamina, causando vício. É provável que esse medidor químico sofra uma deficiência natural e, portanto, alguns indivíduos sejam mais suscetíveis a se viciar em cocaína, dizem os pesquisadores Howard S. Friedman e Miriam W. Schustack, autores de Teorias da Personalidade.