Completo complexo e inutil
Não é só um despertador com alarme duplo. É um toca-CD e ainda por cima, um aparelho de aromaterapia! E tem mais: vem com transmissor de ondas curtas e função ditafone para aquelas idéias que surgem de madrugada.
Um mousepad é um objeto simples. É um tapetinho de borracha que impede que o vaivém incessante do mouse destrua o acabamento da mesa.
Fora isso, o máximo que faz é trazer estampada alguma imagem que divirta, acalme ou promova uma marca. Ou assim achávamos. Entra em cena, então, o mousepad/relógio/calculadora/rádio FM. Um dia desses, um de nós foi presenteado com essa inovação no equipamento de escritório. Numa mostra de consideração, o objeto trazia fones de ouvido. Mas não vinha com as pilhas exigidas para o funcionamento. Uma espiadela nas duas páginas de instruções, impressas em letras minúsculas, já sugeria a curva de aprendizado. A engenhoca logo encontrou a verdadeira vocação: juntar pó no fundo da gaveta.
É uma situação que se repete em lares e escritórios do mundo todo. O consumidor hoje pode comprar um produto que funciona ao mesmo tempo como celular, videogame, calculadora, aparelho para mensagens de texto, conexão sem fio para internet, PDA, câmera digital, toca-MP3 e GPS. Só o painel do BMW 745 tem mais de 700 funções. A LG
Electronics vende uma geladeira com uma TV na porta (o texto no site de uma loja virtual resume bem a proposta de valor: “Por que colocar uma TV na geladeira LG? E por que não?”). No setor de software, o fenômeno costuma ser chamado de excesso de funções, ou featuritis, ou feature creep. É uma espécie de corrida armamentista para aumentar a funcionalidade de aparelhos antes voltados a uma só tarefa.
O problema é que esse acréscimo de funções dificulta o uso do produto. Mesmo quando um novo recurso não acrescenta uma dimensão de funcionalidade totalmente distinta (um celular que bate fotos, por exemplo), a complexidade que traz à tarefa em mãos é de enlouquecer. A máquina