Comentário sobre o filme Coração de tinta
LITERATURA E CINEMA
SÃO PAULO
2º SEMESTRE DE 2011
Comentário sobre o filme Coração de tinta
O filme Coração de tinta (Inkheart, 2008), dirigido por Iain Softley, adaptação do livro homônimo de Cornelia Funke, conta a história de Mortimer Folchart "Mo", um restaurador de livros que, além de ávido leitor, possui o dom de misturar realidade e ficção: quando lê em voz alta, personagens literárias são trazidas para a realidade e pessoas são enviadas para os livros. Em uma de suas leituras, quando sua filha Meggie ainda era pequena, Mo acaba trazendo vários personagens do livro “Coração de tinta” para seu mundo e enviando, sem querer, Teresa, sua mulher, para dentro da história. Deste dia em diante, Mo, também conhecido como Língua de Prata, recusa-se a ler em voz alta e busca incessantemente uma cópia do livro para resgatar sua esposa. Porém, Mo não sabe que Capricórnio, vilão trazido de “Coração de tinta”, também quer o livro para que um Língua de Prata o leia e traga riquezas e o temido Sombra para o mundo real, fato que dará início a perseguições, descobertas e à aventura como um todo.
É interessante observarmos como o papel do leitor colocado por Coração de tinta converge com as concepções de leitor debatidas por Roland Barthes, no ensaio “A morte do autor”, e Umberto Eco, no ensaio “O leitor-modelo”. Pois o filme metaforiza o papel do leitor dotando-o com o poder de dar vida às personagens e de transpor as linhas que separam o real do imaginário, fazendo-nos até mesmo questionar nossas noções sobre a ‘dita’ realidade. O leitor é tido como quem verdadeiramente constrói e dá sentido para a narrativa, é aquele que, segundo Eco, colabora preenchendo os espaços em branco do texto e introduzindo sua interpretação, e essa cooperação confere ao leitor um papel fundamental, superando a antiga ideia de decodificador de significados já estabelecidos e centralizando o processo interpretativo na relação