COLLOR, “UM NOVO TEMPO VAI COMEÇAR”
A modernização foi tema de campanha de vários candidatos à presidência desde o período ao qual designamos de populista da história do Brasil republica. No entanto foi Collor quem mais bateu na tecla de que no seu governo o país iria, como num passe de mágica, fazer parte do então chamado Primeiro Mundo – tanto que o título deste texto traz o slogan do ex-presidente. A mágica teria como ingredientes as leis de mercado, constante do postulado teórico do neoliberalismo, que já vinha sendo adotado em vários países desde o começo da década de 1980. Quando da posse de Collor, em março de 90, o dragão da inflação devorava 80% da balança comercial nacional, e ameaçava engolir ainda mais. Collor anunciou um plano econômico radical que bloqueava todos os depósitos bancários existentes por dezoito meses, incluindo nisso o confisco de parte substancial do dinheiro depositado em contas correntes. O plano constituía também o congelamento dos preços no mercado interno, o corte de despesas públicas e a elevação de alguns impostos. Concomitantemente, o presidente começou a por em prática suas medidas modernizadoras: privatizando empresas estatais, abrindo assim (as pernas ao) o mercado aos investimentos estrangeiros – o que custou, porém, o corte de milhares de funcionários públicos sob a justificativa de corte de gastos, uma medida sem aparentes critérios qualitativos.
Com o objetivo de cortar os gastos públicos, foram também fechadas várias instituições do Estado ligadas à cultura, como a Embrafilme e a Funarte, demitindo-se os funcionários das mesmas. Com a isenção de impostos para a importação, o país começou a ser invadido por produtos estrangeiros, que concorriam com a indústria nacional – vencendo. O plano aparentava sucesso: a inflação estava por volta de 12% no mês de junho de 1990.
No final do mesmo ano, no entanto, a situação econômica começou a deteriorar-se: a inflação voltou a ameaçar: havia sinais de estagnação na produção