Colera
Definição Doença infecciosa intestinal aguda, causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae, com manifestações clínicas variadas, podendo se apresentar de forma grave, com diarréia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e câimbras. Esse quadro, quando não tratado prontamente, pode evoluir para desidratação, acidose, colapso circulatório, com choque hipovolêmico e insuficiência renal. Frequentemente, a infecção é assintomática ou oligossintomática, com diarréia leve. A acloridria gástrica agrava o quadro clínico da doença. A toxina, ao se fixar em receptores presentes na superfície dos enterócitos, inverte os mecanismos fisiológicos dessas células, que passam então a excretar água e a perder eletrólitos, resultando desse processo uma diarréia clorídrica em profusão.
História natural da doença
O agente etiológico da cólera, o Vibrio cholerae O1 ou O139 foi isolado por Koch no Egito e na Índia em 1884, inicialmente denominado de Kommabazilus (bacilo em forma de vírgula). O biotipo O1 (clássico) foi descrito por Koch e o El Tor, foi isolado por Gotschlich em 1906, de peregrinos procedentes de Meca, examinados na estação de quarentena de El Tor, no Egito.
Ambos os biotipos são indistinguíveis bioquímica e antigenicamente; de igual forma, enquadram-se na espécie Vibrio cholerae e integram o sorogrupo O1, que apresenta três sorotipos denominados Ogawa, Inaba e Hikojima. O biótipo El Tor somente foi associado a episódios graves da doença e aceito como agente etiológico em 1961, exatamente no início da 7ª pandemia. O biotipo El Tor é menos patogênico que o biotipo clássico e causa, com mais frequência, infecções assintomáticas e leves. A relação entre o número de doentes e o de portadores com o biotipo clássico é de 1:2 a 1:4; com o biotipo El Tor, a relação é de 1:20 a 1:100. Outro fator que favorece a disseminação do biotipo El Tor é a maior resistência deste às condições externas, que o permite sobreviver por mais tempo do que o