colegio
As relações Marx-Bakunin são marcadas por ambiguidades e conflitos e muitos, adeptos das teses de um ou de outro, encarnam os rancores, ódios, preconceitos, pontos de vista recíprocos, dos seus inspiradores. No entanto, de acordo com um espírito libertário, devemos abandonar os sectarismos, dogmatismos, a adoração religiosa e o que lhe acompanha (culto à autoridade, a criticidade, eleição de um dogma ou ídolo indiscutível, maniqueísmo). Pensar uma possível conciliação entre marxismo (libertário, isto é, desconsiderando o pseudomarxismo expresso no leninismo e na socialdemocracia) e anarquismo tomando como base apenas os discursos dos dois autores emblemáticos das duas correntes políticas seria uma tarefa que traria poucos resultados concretos. Os problemas de linguagem, os mal-entendidos, os equívocos individuais, a complexidade da luta política e o envolvimento de “terceiros”, o contexto histórico-social, entre outras determinações, podem ofuscar a visão de algo mais profundo. Elegemos a Comuna de Paris como a chave para se compreender a profunda identidade entre o conteúdo (e não a forma) revolucionário das teses de Marx e Bakunin. Antes de tratar da visão da Comuna de Paris em Marx e Bakunin é necessário fundamentar as razões deste procedimento para revelar a identidade do conteúdo revolucionário das teses de Marx e Bakunin. Carlos Diaz, autor anarquista, cita uma série de textos de Marx contra os anarquistas e de Bakunin contra Marx e dos “marxianos” e dos continuadores (e epígonos) de ambos uns contra os outros[1], nesta cruzada fratricida (que é fratricida quando se trata de autênticos continuadores de ambos, pois quando se trata de oposição real, como, por exemplo, no caso da deformação bolchevista do marxismo e sua luta intelectual e prática contra o anarquismo não há nenhuma luta entre irmãos e sim luta de classes). Ele aponta a falibilidade de Marx e Bakunin, cuja