claro dos anjos
Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de
Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Central, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio, tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem
Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem olhavam. (p. 112-113 – grifo nosso).
O espaço urbano projeta-se sob um cenário que contrapõe as duas faces de uma mesma realidade espacial: aquela representada pelo pobre – oprimido –, e outra, onde se estabelece o sujeito que ascende socialmente – dominador.
O personagem Cassi, mesmo transitando por essas esferas sociais diferentes, consegue ter reconhecimento apenas no meio suburbano, o qual lhe dá a mobilidade no convívio com sujeitos simples, sendo esse percurso o detonador para que ele cruze o caminho de Clara dos Anjos, jovem submissa, que segue as regras da sociedade patriarcal. Diante disso, a educação recebida pela personagem não lhe permite fazer alguma atividade que não se restrinja ao lar, sendo descrita sob “uma natureza amorfa, pastosa, que precisava mãos fortes que a modelassem e fixassem”. (p. 05). Percebe-se, portanto, que Clara seria uma presa fácil para o galanteador dos subúrbios, Cassi.
Por outro lado, o trânsito realizado pelas pessoas da cidade causa estranheza em