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6044 palavras 25 páginas
Milton

Santos

Por uma outra globalização do pensamento único ã consciência universal

6 EDIÇÃO a E D I T O R A
RIO

DE

JANEIRO

2001

R E C O R D


SÃO

PAULO

I N T R O D U Ç Ã O GERAL

1. O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade

Vivemos n u m m u n d o confuso e confusamente percebido.
Haveria nisto u m paradoxo pedindo uma explicação? D e u m lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais u m dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade.
D e outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de u m m u n do físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o m u n d o se torne esse m u n d o confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes.
E a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível a criação de u m m u n d o veraz,

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MILTON SANTOS

o que é imposto aos espíritos é u m m u n d o de fabulações, que se aproveita do alargamento de todos os contextos (M. Santos, A natureza do espaço, 1996) para consagrar u m discurso único. Seus fundamentos são a informação e o seu império, que encontram alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se põem ao serviço do império do dinheiro, fundado este na economização e na monetarização da vida social e da vida pessoal.
D e fato, se desejamos escapar à crença de que esse m u n d o assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos n u m só. O primeiro seria o m u n d o tal como nos fazem vê-lo:

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