Ciência, verdade e fé: partilha do verdadeiro e do falso e valorações culturais
Ciência, verdade e fé: partilha do verdadeiro e do falso e valorações culturais
Alimentos transgênicos, império da indústria farmacêutica, manipulação genética dentre outros, de fato, a ciência vive seus tempos de glória. Na sociedade moderna, todas nossas práticas permeiam estudos científicos, as respostas para os nossos problemas rotineiros são dadas pelos produtos que a ciência nos fornece. Isso implica dizer que acreditamos no que a ciência nos diz, muitas vezes sem nem compreender completamente seus meios para alcançar os fins desejados. Isso porque na estrutura social em que vivemos o saber científico foi incorporado a cultura como verdade e, para maioria, isso é um fato incontestável.
Por que quando ficamos doente não vamos ao curandeiro, ou à procura de tratamentos não convencionais? Por que quando ficamos simplesmente gripados ou com alguma dore seja ela qual for, não vamos buscar ervas e misturas que podem trazer a mesma melhora que o remédio que iremos buscar na farmácia? Ou quando descobrimos alguma doença grave que teríamos que ser submetido a uma cirurgia, não recorremos a centros espirituais?
Pode-se pensar que o que nos leva a escolher a medicina clássica ocidental é uma escolha obvia, mas se pararmos para refletir sobre, cairemos na dúvida: como o saber cientifico tomou essa posição superior na escala dos saberes no momento histórico em que nos encontramos? Quem legitima a ciência? Sabe-se que já houveram momentos históricos diversos onde outras formas de poder retinham a verdade apoiada em outras formas de saber que não o cientifico. Pois é, pelas forças de coerção do estado que há a legitimação do saber.
Sabe-se que poder e saber são correlativos. Não há poder sem seu regime de verdade, cada sociedade tem os tipos de discursos que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros. Foucalt irá afirmar em suas obras que tanto os discursos religiosos quanto os discursos científicos engendram dispositivos de saber-poder.