Ciência politica
A Sociedade Política
Alexandre Carneiro de Souza
A proposta da presente análise consiste em fundamentar um conceito de sociedade política, partindo do princípio de que esse estágio de construção social não se obtém pelo simples fato dos indivíduos estarem reunidos. A existência da sociedade é requisito indispensável para a formação de um corpo político ou de uma sociedade política. No entanto é possível existir uma sociedade de fato que não tenha passado por transformações que possibilitassem a emergência de uma identidade política definida, como podemos constatar na seguinte citação:
Para que exista sociedade são necessárias interações recíprocas e conscientes entre os indivíduos que a compõem. Para que haja uma sociedade política, outros requisitos são exigidos (Azambuja, 1969:20).
Os gregos viam na sociedade humana uma prática similar à vida animal, de maneira que o estar junto com outros da mesma espécie não representava uma característica especificamente humana:
A companhia natural, meramente social, da espécie humana era vista como limitação imposta pelas necessidades da vida biológica, necessidades estas que são as mesmas para o animal humano e para outras formas de vida animal. (Arendt, 1993:33).
Essa percepção difundiu-se no mundo ocidental séculos afora, construindo uma sólida convergência entre os pensadores. À guisa de exemplo, seguindo a mesma direção dos filósofos gregos, Russell vai estabelecer que: A unidade do grupo e a cooperação no seio dele baseiam-se parcialmente no instinto, em todos os animais sociais, inclusive o homem (1977:12).
Sob esta perspectiva, apenas a instauração das relações políticas poderia distinguir de maneira real o modo particular da convivência humana em relação ao tipo de convivência no mundo irracional. Assim sendo, a convivência em família e noutros tipos de ajuntamento não seriam suficientes, na perspectiva grega, para o propósito de humanização dos indivíduos.