Cinema
A bicicleta é o símbolo da vida urbana italiana e o meio de transporte mais comum e utilizado na época dos anos 50. O filme “Ladrões de Bicicletas” de Vittorio De Sica, de 1948, está preso a um ciclo vicioso de pobreza. O filme nunca toca diretamente nas questões que abordam o país, problemáticas sociais e económicas, como nunca compreende a sociedade como parte do problema. Apesar de se fazerem notar diferenças agudas entre classes sociais. Para André Bazin, o grande teórico realista, dos Cahier du Cinéma, o filme é comunista – o pobre trabalhador, o não priveligiado. Algo talvez nunca considerado antes pelos americanos, visto que este grande filme ganhou um Oscar para o Melhor Filme Estrangeiro de 1949. A obra nasce de uma colaboração entre o Vittorio De Sica, o argumentista Cesare Zavattini e os próprios atores, não profissionais. O Neo-Realismo é algo tão autêntico que o filme se torna um objecto fotográfico, como algo capturado através de um documentário ou de uma reportagem. Vittorio De Sica encontrou inspiração no trabalho dos antigos mestres, Robert Flaherty e Dziga Vertov, quando decide fazer algo sobre gente, situações e lugares reais. O tema é o mais importante e todas as decisões revolvem à sua volta. A abstenção de atores a sério não limitou a escolha de um tema e até a elevou, com contributos dos mais variados participantes do filme. A obra torna-se numa estética diferente quando opta não usar grandes nomes. A intenção de De Sica é afirmar que certos temas não devem ser tratados por atores profissionais, que se encontram em situações inatingíveis, por estas pessoas que retratam. É a transição de algo forjado completamente, mesmo que de uma forma admirável e respeitosa, para algo exato e de técnica falível que marca o crescimento do Neo-Realismo italiano. O conceito do ator