Cinco Minutos: reflexões em forma de resenha
Universidade Presbiteriana Mackenzie - Curso de Letras
Literatura Brasileira II
Prof. Dr. José Eduardo Botelho de Sena
1° semestre/2014
Cinco Minutos: reflexões em forma de resenha
A pressa do leitor carioca em folhear o Diário do Rio de Janeiro, numa certa manhã do ano de 1856, não era mais mistério, nem mesmo aos iletrados, que roubavam com os ouvidos - um pouco daqui, um pouco dali - uma leitura alheia. Dentre todas as perguntas, uma delas merece ser lembrada, ou, como diria Borges, merece se atrasar, se a meta é o esquecimento: "Seriam as últimas notícias sobre o Tratado de Paris, um rompante repentino entre Napoleão III e Alexandre II?". Logo se soube que não. Pode-se dizer que a causa era menos romanesca. Estava para ser divulgado, naquele número do jornal, no final da primeira página, o 6° capítulo do romance Cinco Minutos (Edições Melhoramentos, 1947, 76 páginas), no qual se publicaria a carta da até então anônima Carlota, que nas próximas quatro edições seria responsável por tornar uma intriga europeia e uma guerra no oriente, assuntos de segunda ordem. A assinatura autoral - "J. A" - era de José (Martiniano) de Alencar, o atual redator-chefe do Diário, desde 1855. No entanto, em literatura, sua estreia foi como crítico do poema épico-indianista As confederações de Tamoios (1856), dedicado ao Imperador Dom Pedro II, por parte de seu literato preferido, o senhor Gonçalves de Magalhães. O confronto, uma série de cartas impressas no periódico, não se dava entre ideologias incompatíveis. Tratava-se de dois românticos, entusiastas dos mesmos escritores e teóricos. A divergência era mais de caráter prático e aplicativo do que estético. De um lado, uma arte patenteada por autores doutrinados e doutrinários do Romantismo, declarada e intencionada romântica, conquanto ainda indecisa em aposentar algumas ferramentas clássicas (como a epopeia e os conselhos de Aristóteles), e do outro, Alencar, uma voz