Cinco horas con Mario
O Romance “Cinco horas con Mario” de Miguel Delibes, em síntese conta a história de uma vida conjugal a partir da perspectiva da esposa. Carmen é a viúva de Mario, e a narrativa se desenvolve no decorrer das cinco horas que antecedem o enterro de seu marido. Assim, são relatadas, pela viúva, nestas páginas o depoimento e pensamentos de vinte e três anos de casamento. É por meio do discurso da personagem Carmen que o leitor traça a sua característica identitária e também a personalidade de seu marido falecido. A obra se compõe de 3 partes: prólogo, anuncio da morte de Mário e vinte sete capítulos, nos quais se instauram o monodiálogo.
Neste discurso observamos uma descrição queixosa, na qual Carmen afirma ter vivido - ao lado de Mario - uma existência incompleta, solitária e cheia de faltas. E essa incompletude existencial atribuiu a Mario, ele é o causador de seu sofrimento e “culpado” por uma vida caracterizada por privações tanto afetivas como materiais.
Carmen reconstrói a imagem de Mario no decorrer dos vinte sete capítulos do livro. O Romance apresenta-se da seguinte forma: inicialmente um obituário; depois narrados em terceira pessoa, um prólogo e um epílogo; e outras duas partes, onde consiste o monólogo de Carmen.
A argumentação de Carmen esta neste monólogo, no qual mais do que chorar o cadáver do seu marido, ela reconstitui a sua vida matrimonial. É interessante que já no inicio do romance encontramos indícios dessa “criação” ou reconstrução do personagem Mario sob o ponto de vista de Carmem:
“Era su muerto; ella lo había manufacturado.” (Pág. 17)
“Carmen sabía positivamente que el rescate de las últimas horas de Mario dependía ella.” (Pág. 19)
Verificamos, portanto que já nas primeiras páginas evidencia-se a intensão de Carmen de justificar o seu passado infeliz através da composição do caráter de Mario. A partir das suas lamurias e acusações da viúva, ou seja, no monólogo de